Moffat fala ao Gothamist

Steven Moffat, em entrevista ao Gothamist, falou sobre a nova temporada, retorno de personagens da era Russell e mais. Confiram os trechos da entrevista que se referem a Doctor Who…:

Gothamist: Então, você já tem duas temporadas feitas sob sua produção.
Steven Moffat: Tenho não! Ainda estamos trabalhando nela.

Gothamist: Ah, desculpe, vocês estão prestes a filmar o último episódio.
SM: Sim, estamos.

Gothamist: Como é produzir um programa como Doctor Who, e não só escrever um ou dois episódios por temporada?
SM: Bem, é mais trabalho. Além disso, eu escrevo 6 episódios por ano, e um de Sherlock. Eu mergulho em todos os roteiros e, mas é ótimo não ter mais aquela coisa de competir com os outros roteiristas. Antigamente, eu era completamente competitivo. Eu pensava “O que ele está fazendo, eu farei melhor! Agora eu tenho que amar a todos igualmente, como se fossem meus filhos. O que foi difícil no começo…”Mas que porra é essa…? Não, não, não, esse episódio é meu também” É insano. Minha agenda é um pesadelo. Não há uma palavra boa que a descreva. As pessoas perguntam: “Mas como você lida com isso?” ‘Eu não lido!’.

Gothamist: Mas ao menos você está se divertindo? 

SM: Quem não se divertiria fazendo isso? São dois sonhos meus, as duas maiores séries na televisão britânica do momento. Mas é brilhante também. Não conheço ninguém, como um roteirista, que teve um ano como o que acabei de ter, então eu não estou realmente reclmando. O único problema é que é implacável. Eu trabalho todos os dias. Só tenho o Natal de e folga.

Gothamist: Bem, você sim, mas o programa não.

SM: Justamente, então eu fico preocupado com o especial de natal, pensando em qual será a audiência, que programas passam na mesma hora. Mas não, isso parece como se eu estivesse reclamando. Eu amo e confio tanto nos dois programas.

Gothamist: O que você tem pelas crianças e/ou criaturas com voz de criança? Parece que a maioria dos episódios tem eles como figuras recorrentes.

SM: É só porque sou pai. Também acho que há uma conexão muito importante entre Doctor Who e crianças, eu sei que nem tanto aqui, o que é um erro, mas Doctor Who é muito mais…que um programa para crianças, mas sabe, é que…a conexão entre o Doutor e as crianças é enorme. Se você for numa praça na Grã-Bretanha e perguntar às crianças “Qual seu programa de TV favorito?”, não acho que existirão um segundo lugar, é Doctor Who. Elas amam o programa, ficam encantadas assistindo. Eu simplesmente gosto de ter a perspectiva de uma criança. Além disso, tem algo muito charmoso no Doutor com crianças. Ele é um Doutor mais simples e conecta tão bem quando está com elas, e conecta tão bom com elas.

E acho que é bem óbvio no jeito que Matt e Karen fazem os papeis, que o Doutor nunca pensou em Amy Pond como se ela tivesse mais do que 7 anos, o que explica porque ele fica mais pirado ainda quando ela está com ele.

Gothamist: Ao mesmo tempo que isso ocorre, há essa interessante relação com River Song. Você não vê muitos homens jovens com mulheres mais velhas na TV atualmente.

Homem velho com uma mulher mais nova, tecnicamente. Ele é velho o bastante pra ser ancestral dela.

Gothamist: Quando você escreve as temporadas e os episódios, o quanto você pensa no que vem depois?

SM: Oh, penso muito.

Gothamist: Pensa mesmo, é o que acho. Os Silences foram mencionados na última temporada, você já sabia desse arco pra temporada atual ano passado?

SM: Tinha muita coisa que eu queria fazer, e estava pensando quando o final da temporada estava perto, não vamos conseguir fazer isso direito, não temos espaço suficiente pra isso. E eu sabia que algo iria acabar caindo pra próxima temporada. Eu pensei que seria algo diferente, na verdade. É muito mais divertido não revelar o Silence no fim e acabar por isso mesmo. Porque, era bem arrumado, eu pensei que a 5ª temporada—você sempre pensa que está tudo resolvido, mas então você se lembra de quem o fez. O mistério é todo o mesmo…todas as consequências da explosão estão bem amarradas. Não vou parar de fazer isso. Eu sempre digo, todo episódio deve começar como um filme para que você não precise ter nenhum conhecimento anterior, e terminar como um serial. Começar como um filme, terminar como um serial. Sempre se quer dizer, volte semana que vem, você ainda não viu toda a história, o episódio bom ainda vai começar.

Gothamist: Você faz um ótimo trabalho então! Quando você vai preparar um episódio, você pensa tudo detalhadamente ou tudo simplesmente flui?

SM: Eu sou muito severo, só escrevo um roteiro na ordem. Nunca deixarei que nenhuma linha de fala ou idéia pra trama vá até que eu coloque no papel. Me preocupo se eu fizer isso, não terei como descartá-lo. Você sempre tem que estar vivo com o roteiro, tem que ficar dizendo, eu poderia a coisa toda agora. Eu olho cuidadosamente para a estrutura e percebo, “Na verdade, isso é melhor; vou fazer isso ao invés daquilo”—já fiz isso tantas vezes, e espero que pareça ser tudo intricadamente trabalhado.worked out.

Realmente parece que está intricado. Soa intricado – eu que faço isso. Acho que sempre tem que ser desse jeito. É como River Song, que começou em Silence of the Library como um artifício para que eu pudesse ignorar o fato de “Por que a arqueologista não entra na biblioteca e detem o Doutor?” O papel psiquíco não vai cobrí-lo porque ele está numa livraria deserta. Então uma das arqueologistas conhece ele, então isso é um pouco falho, mas seria falho se ele não conhecesse ela ainda? E de repente temos uma história completamente maior que todo o episódio em si.

Gothamist: Como você mesmo disse, o Doutor é muito popular com as crianças na Grã-Bretanha. Como você faz com que as crianças dos EUA assistam ao programa?

SM: Essa é uma ótima pergunta. Não me entenda errado, você provavelmente sabe disso: é o programa para crianças que os adultos adoram. É isso que penso. Ele é um herói das crianças.

Gothamist: Eu sempre pensei que é bem assustador para crianças. O Silence é apavorante.

SM: É realmente assustador pras crianças. E as vezes elas não entendem e tem que pedir pros pais explicarem. Mas isso é bom! Isso é bom porque se tem a família toda interagindo, a mãe e o pai explicando a história, às vezes o contrário acontece. As crianças se escondem detrás dos pais. Não é um programa para crianças se formos parar pra comparar com os outros programas infantis.

Gothamist: Não é Hannah Montana. 

SM: Não, não é, não parece em nada com isso, mas tem uma conexão especial com as crianças, da mesma forma que Star Wars tem. É mais próximo de…é uma comparação ruim, mas você conhece Os Incríveis? É um bom retrato de uma crise de meia-idade como ela sempre será e ainda é um desenho para crianças.

Gothamist: As semelhanças entre o jeito que você escreve Doctor Who e Sherlock são propositais?

SM: Eu não faço isso. É exatamente o contrário. Quando Sydney Newman, que criou Doctor Who, estava olhando para os primeiros episódios, ele disse à Verity Lambert, “Você está fazendo o Doutor diferente do que ele é, ele está muito sórdido.—se você lembrar, ele era bem desagradável—o Doutor é Sherlock Holmess,”. Então já existe esse paralelo entre os dois desde o começo.

Gothamist: Você começa a temporada nos Eua—teve algum motivo para colocar Nixon, além da corrida espacial?

SM: Nada além da corrida espacial de 69. É o último presidente que alguém iria querer, mas eu pensei que seria bem divertido, e olhe para algumas filmagens dele e ele era bem divertido.

Gothamist: Ele é um personagem interessante.

SM: E ele não era uma pessoa completamente ruim. Tinham algumas coisas boas. O que ele fez foi completamente apavorante. Vietnã foi apavorante. Mas sobrepôs algumas coisas boas que ele fez, e tirou a imagem de que ele era um homem muito inteligente. E tão desajeitado!

Gothamist: Quando você cria um personagem para um programa como DW, você chega até à equipe criativa com uma idéia de como as coisas devem parecer?

SM: Varia muito. Por exemplo, os vilões de The Girl in the Fireplace não ficaram com o visual que eu queria no começo. Mas os Silenecs são muito o trabalho de um gênio, não eu, mas eu olhei aquela pintura (O Grito) e pensei que deveria parecer com aquilo. Parecer um pouco com aquilo e um pouco com os Grays, como se parecesse que estivessem em nossa consciência por todos esses anos.

Gothamist: E algo como os tubarões voadores de A Christmas Carol, uma figura que alguém sugeriu de ante mão e que você colocou no episódio?

SM: Não, não, fui só eu.

Gothamist: Você pensou que seria divertido ter o trenó do Papai Noel puxado por um tubarão voador?

SM: Eu costumava ter pesadelos com tubarões saindo do mar e indo atrás de mim. Quer dizer, tanto é que coloquei um tubarão passando pela janela de um quarto.

Gothamist: Com tantos lugares históricos, você escolheu 1969 por que tem espaço, e com “The Girl in the Fireplace” você queria usar “relógios”. Como as épocas que o Doutor visita são escolhidas?

SM: Atualmente, eu os escolho. Antigamente, Russell T Davies me perguntava. Ele dizia para fazermos sobre a 2ª Guerra, e as vezes eu sugeria algo—eu quero fazer algo numa biblioteca! Ainda é assim, uma mistura entre eu dizendo, “Podemos fazer isso”, e coisas como Richard Curtis querendo que fizéssemos um com Van Gogh.

Gothamist: Algum personagem do Russell T Davies, como Jack Harkness voltará?

SM: Não tem nenhuma regra contra isso. As pessoas falam como se tivesse alguma cisma.

Gothamist: Bem, você parece que tem um caminho traçado a ser seguido.

SM: Não há nenhum caminho intecional. Eu penso que é peirgoso, se você ficar sempre trazendo personagens velhos. É como se dissesse que o programa costumava ser melhor, não acha?

Gothamist: Não, só que alguns desses personagens são adorados.

SM: Quer dizer, Jack, que eu escrevi pro programa, adoraria tê-lo de olta. Estava pensando que ele deveria estar aqui recentemente, mas o John Barrowman está ocupado com Torchwood.

E existem referências a personagens da era Davies—acabamos de ter uma referência à Rose, de fato. Na minha mente há uma história contínua. Não há nenhuma idéia em abandonar qualquer coisa. Há claro o fator de que o Doutor vai de pessoa em pessoa numa forma assustadora, mas inevitável. Ele não ficará por perto para sempre.

Gothamist: Então você não conta nada aos atores sobre seus persoangens?

SM: Dessa forma, não. Mas quando eu estava convencendo Alex Kingston a voltar e fazer mais episódios esse ano do que ela tinha feito antes. Ela é uma atriz muito requisitada. Eu disse, “É isso que vamos fazer”, eu dizia, “Você não é boa só pra…”, dizendo isso, eu acho que ela ficou bem disposta a isso…Não tive que falar muita coisa pra conseguir.

Dizendo à ela que haveriam detalhes na atuação que seriam importantes na história, eu contei a ela. Mas não vi porque falar aos outros, em parte pra deixá-los despertos. Gosto do fato de quando ando no set, Alex vem correndo e coloca a mão no rádiozinho dela e fala “Esse homem, quer dizer, não…vou contar”. E Matt fica lá parado, “Que? Que?”.

Gothamist: Então você já está pensando no Especial de Natal?

SM: Deus, sim.

Gothamist: Sem descanso para o cansado.

SM: Isso mesmo. Você não está acostumado a viver assim. Você trabalha muito e então para por uma semana…

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