A relação mutuamente benéfica entre Douglas Adams e Doctor Who está provavelmente melhor resumida nesta audaciosa história repleta de fatos históricos, possibilidades de viagem no tempo e cultura popular. E aqui está 10 coisas que você talvez não saiba sobre o arco da série clássica ‘Cidade da Morte’.
A leveza de tom e as frases de efeito nos fazem lembrar do seu grande sucesso do rádio: ‘O Guia do Mochileiro das Galáxias‘, que estava sendo lançado em forma de livro enquanto o arco da série clássica foi transmitido pela primeira vez. E há elementos da trama que também ressurgiriam em ‘Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently‘, o que pode explicar em parte porque essa história teve que esperar até 2015 para virar livro.
Algumas coisas que você deve ficar de olho enquanto assiste:
O título é um trocadilho que só funciona em francês. Paris é conhecida como a cidade do amor, que se traduz como Cité de l’amour. Cidade da morte é, claro, Cité de la mort.
A história é creditada a David Agnew, mas tal pessoa nunca existiu. O nome foi inventado para ser usado sempre que um roteiro fosse elaborado por membros da equipe de produção. David Fisher chegou a escrever rascunhos iniciais do roteiro sob o título “A Gamble with Time”, entretanto, outros compromissos de trabalho e questões pessoais o impediram de concluir o rascunho final. O roteiro então foi escrito pelo produtor Graham Williams e pelo editor de scripts Douglas Adams. Graham já havia escrito sob o nome David Agnew, com o antecessor de Douglas, Anthony Read, para completar “The Invasion of Time”.
O resumo original seria uma paródia literária dos célebres livros “Bulldog Drummond” de Herman Cyril McNeile, com um herói de queixo quadrado e briguento. O Doutor e Romana chegariam a Las Vegas, na década de 1920, e formariam uma aliança com o investigador particular “Pug” Farquharson, que estava investigando fraudes em cassinos. Tendo decidido mudar de locação para Paris e Monte Carlo (mais similares ao cenário europeu dos livros de Drummond), e percebendo que poderia filmar na França, a equipe de produção resolveu recompor a história nos dias atuais mesmo, uma vez que seria muito caro recriar a década de 1920.
O enredo original de David sobre fraudes em cassinos – em que a condessa usa o bracelete de Scarlioni para trapacear na roleta dos cassinos de Paris e Monte Carlo, a fim de arrecadar fundos para seus experimentos de tempo – foi posteriormente cortado por Graham Williams. Ele estava particularmente preocupado com uma sequência na qual o Doutor frauda uma mesa de roleta, o que, segundo ele, enviaria ao público jovem de Doctor Who uma mensagem errada sobre jogos de azar.
Quando Romana debate sobre outras galerias de arte galáctica que rivalizam com o Louvre, um dos nomes mencionados é a Coleção Braxiatel. Este é um nome que provavelmente não causará muita repercussão a ninguém que se apegue estritamente às aventuras na TV de Doctor Who, mas para os fãs das coleções de áudios da Big Finish e várias mídias escritas, Braxiatel é imensamente conhecido como o nome do irmão do Doutor, o qual poderia se orgulhar de uma das mais impressionantes coleções de arte, reunidas durante muitos anos de viagens pelo tempo e pelo espaço, na galáxia.
Além de proporcionar uma célebre participação especial de John Cleese, do Monty Python’s Flying Circus (ele aparece ao lado da comediante Eleanor Bron criticando os méritos artísticos do exterior da TARDIS), “Cidade da Morte” também conta com uma participação do próprio Douglas Adams. Ele interpreta um homem que aparece bebendo em um dos bares parisienses.
John Cleese e Eleanor Bron tentaram manter sua aparição em segredo, sugerindo até mesmo que aparecessem nos créditos como Kim Bread e Helen Swanetsky, para surpreender a audiência. Mas eles foram creditados com seus próprios nomes na Radio Times. Cleese depois reutilizou o nome Kim Bread para sua aparição no jogo de computador de Douglas Adams, Starship Titanic.
As partes externas da galeria de arte moderna da história foram filmadas na Denise René Gallery, no Boulevard Saint-Germain, em Paris. Como o dia da filmagem caiu em um feriado, a galeria estava fechada. Então, a equipe filmou o Doutor caminhando até as portas, e depois o corte iria imediatamente para uma tomada do interior. No entanto, Tom Baker pressionou com tanta força as portas durante uma tomada que fez disparar o alarme contra roubo. Todos saíram apressados, deixando o gerente de locações e pessoal (e futuro chefe de Doctor Who) John Nathan-Turner resolvendo o problema com a polícia.
Havia um plano para filmar um close do Doutor e Romana, o qual recuaria para mostrar que eles estavam no topo da Torre Eiffel, mas ele teve que ser abandonado quando a equipe descobriu que a lente especial que eles tinham alugado não cabia na câmera.
“Cidade da Morte” é a segunda história de Doctor Who que se ambienta no Louvre. Embora seja a primeira desde que ele se tornou uma galeria de arte. O Primeiro Doutor visitou o Palácio do Louvre em 1572, durante os eventos que levaram ao “Massacre da Noite de São Bartolomeu“, quando o Louvre era a residência real do Rei Carlos IX da França.
Fonte: Anglophenia
Ambientalista por formação, tradutora nas horas vagas, whovian carioca e viciada em livros, filmes e séries. Fã de ficção científica, especialmente quando envolve viagem no tempo.