Uma pista: é maior por dentro. E por fora, na verdade.
O começo de Jodie Whittaker, no mês passado, como a nossa querida Senhora do Tempo foi um enorme sucesso, tanto com o novo quanto com o antigo público.
A estreia dela na série da BBC superou até mesmo as de Peter Capaldi e Matt Smith e, como já era de se esperar, fez crescer bastante audiência entre o público feminino.
Ao longo da temporada, milhões de telespectadores têm acompanhado a cada semana os episódios e elogiado Whittaker, sua TARDIS e os companions Bradley Walsh, Mandip Gill e Tosin Cole em suas viagens para outros planetas, encontros com Rosa Parks ou horríveis aranhas no Reino Unido.
Mas algumas pessoas – e alguns meios de comunicação – alegam que Doctor Who está perdendo milhões de fãs. Recentemente, os tabloides têm dito que os roteiros de Doctor Who estão “exterminando” a audiência.
Não vamos citar as postagens de algumas pessoas no Twitter reclamando da mudança de gênero do papel principal na série de ficção favorita delas e nem comentar o racismo e colonialismo presentes nas postagens (eles obviamente têm seus próprios problemas para lidar), mas vamos dar uma olhada na queda dos números da série.
Audiência da 11ª temporada (todos os números são do Reino Unido)
É fato que está ocorrendo uma queda na audiência da temporada. A estreia de Jodie “The Woman Who Fell To Earth”, atraiu um total de 10.53 milhões de pessoas (atingindo um total de 10.95 milhões se considerarmos computadores, smartphones, etc).
Apesar da redução dos índices de audiência, esta temporada teve a maior estreia de todas.
Entretanto, no episódio 5, “The Tsuranga Conundrum”, o número de televisores ligados na série caiu para 7.76 milhões. Como podem ver, isso significa que pelo menos 3 milhões de pessoas pararam de acompanhar as aventuras da Gallifreyana (pelo menos por enquanto).
Mas vamos contextualizar isso.
Algo muito similar – ou exatamente igual – aconteceu com o nono Doutor de Christopher Eccleston em 2005: ele estreou com 10.91 milhões de telespectadores, mas viu a audiência cair para 4 milhões durante sua jornada com a Rose de Billie Piper.
E o mesmo ocorreu com os antecessores de Jodie: tanto a primeira quanto a terceira temporada de David Tennant tiveram uma redução por volta de 3 milhões enquanto estavam no ar. Houve também mais de 3.5 milhões de telespectadores a menos durante os episódios de Matt Smith em 2010 (o ano em que estreou na TARDIS); e o primeiro ano de Peter Capaldi sofreu uma queda de 2.5 milhões de pessoas.
Como podemos ver, as quedas de audiência ao longo das primeiras temporadas são comuns em Doctor Who e já esperadas. Ou seja, nada de novidade, não é mesmo?
Agora, vamos comparar os índices de audiência com as outras temporadas.
A temporada de maior sucesso foi em 2008 com o Décimo Doutor e Donna Noble, alcançando a média de 8.05 milhões. Já o menor índice foi a temporada final de Peter Capaldi, em 2017, com 5.45 milhões de telespectadores.
A décima terceira Doutora de Jodie Whittaker tem mantido uma impressionante média de 8.55 milhões até agora (todos os dados são da primeira metade da temporada 11) – o que significa que este ano pode alcançar a maior audiência desde o retorno da série em 2005.
Apenas uma grande queda nos índices de audiência poderia mudar essa expectativa. E, dado que o episódio final foi planejado para evitar a perda de audiência, os índices não devem cair tanto.
Dados de audiência (todos os números são de programas no Reino Unido)
A análise desses dados pode não ser muito confiável (considerando que os hábitos mudaram muito desde 2005), então vamos olhar o quadro geral.
Como Doctor Who pode ser comparado com outros programas semanais de TV?
Quando Whittaker apareceu nas nossas telas no mês passado, Doctor Who estava no top 10 da TV (Reino Unido), deixando Stricltly (reality show de dança da BBC One com celebridades), Bake Off (reality show culinário do Channel 4), e muitos outros programas para trás. Uma grande conquista.
Ainda mais considerando que Doctor Who raramente alcança o primeiro lugar.
A última vez que isso aconteceu foi em 2013, com o épico especial de 50 anos “The Day of the Doctor”, escrito pelo showrunner Steven Moffat, enquanto David Tennant foi o mais assistido por três vezes enquanto era o Doutor.
Jodie continua se mantendo entre os melhores da TV durante a primeira metade, com os três primeiros episódios atingindo a quarta posição e o quinto caindo para a sexta posição. Isso significa que Doctor Who se manteve no Top 10 da TV por cinco semanas consecutivas (e provavelmente continuará pela sexta).
Isso é algo difícil de conseguir.
Apenas a temporada 4, com David Tennant e Catherine Tate, conseguiu ter no Top 10 cinco episódios em sequência durante a mesma temporada. A era de Capaldi não chegou ao Top 10, na maior parte, e sua última temporada ficou fora do Top 20.
A primeira temporada de Matt Smith teve uma média de ficar na posição 12, enquanto a temporada de abertura de Tennant, na 13 e a de Eccleston na 17.
Então, como podemos perceber, Jodie está alcançando números inéditos para a série.
E finalmente…
O último episódio, “Demons of the Punjab” teve uma redução para 5.8 milhões – resultando em uma perda de quase 2.5 milhões desde o primeiro episódio.
A história do episódio, contudo, foi muito elogiada pelos fãs.
Mas o que devemos ter em mente é o fato que o único programa dos canais de TV (no Reino Unido) mais assistido sem ser Doctor Who (no domingo de “Demons of the Punjab”) foi Strictly. Nem mesmo David Attenborough e seu novo programa sobre natureza, Dynasties, ou The X Factor (reality show musical da ITV) superaram Jodie Whittaker e o time da TARDIS.
Então, os Whovians deveriam se preocupar com a audiência?
Aparentemente não. Sim, há uma queda ao longo dos episódios, mas isso não deve ser nada preocupante, especialmente após o gigantesco lançamento que teve a décima primeira temporada. O desempenho de Doctor Who está acima da média de audiência que teve nos seus melhores anos.
E, como já comentamos, o primeiro ano do showrunner Chris Chibnall pode se tornar o maior de todos da série.
Então, na próxima vez que ler uma notícia sensacionalista sobre sua série favorita, provavelmente é porque há uma razão para isso – e ela não é necessariamente baseada em fatos reais.
Fonte: digitalspy.com
Ambientalista por formação, tradutora nas horas vagas, whovian carioca e viciada em livros, filmes e séries. Fã de ficção científica, especialmente quando envolve viagem no tempo.