Q&A é abreviação para: Questions & Answers, ou seja, Perguntas e Respostas… Basicamente, internautas enviaram perguntas pros comentários, enquanto o Neil Gaiman selecionava perguntas e respondia as que gostava.
SPT777: Por que você usou o console da TARDIS do Tennant? Eu teria amado ver uma versão mais antiga.
Gaiman: Eu também. Mas não tinha como falar com nenhum dos produtores anteriores e pedir que mantivessem o set intacto. Porque eu criei a história antes que os Especiais da 4ª temporada fossem exibidos, e pude pedir a eles para manterem o interior da TARDIS do Eccleston. Ficou no estúdio por mais 18 meses, e eles mentiam a quem perguntasse porque ainda estava lá.
@duncangeorge @hastydave: O velho argumento dos fãs (e piada) sobre os Time Lords poderem mudar de gênero na regeneração parece estar agora definido. Houve algum debate, ou desacordo em relação a isso? Isso pressupõe a aparição de uma Time Lady? E quem você gostaria que fizesse uma Time Lady?
Gaiman: O estranho é que isso ficou definido pra mim quando o 11º Doutor tentou descobrir se ele era ou não uma garota. Mas pareceu mais interessante, e deixou os Time Lords mais interessantes pra mim, e coloquei no roteiro como algo que poderia ser descartável. A descrição da relação do Doutor com o Corsair foi ficando cada vez menor a cada roteiro que escrevi, mas além disso, fico feliz porque da próxima vez que a BBC for escolher um Doutor, a imprensa e os fãs vão debater duas vezes mais nomes de atores. E para mim, a Lady Doctor será sempre Joanna Lumley. Ela tinha bolotas Daleks.
@inconsistentlysane @megamisswho @Sphinx24 @JosieLondon @AndrewFB @AJCunningham @Nancelarrikin @DManning18 @Pphotography @Vamp61616: Você vai escrever outro episódio? Se sim, sabe sobre o que será? Consideraria escrever regularmente para DW?
Gaiman: Eu não sei. Eu amaria escrever outro episódio: nós estamos falando de DOCTOR WHO. Ninguém me pediu, e, o que é difícil de admitir, mas uma das razões pro episódio ter ficado bom foi que gastei boa parte dos últimos dois anos escrevendo e reescrevendo-o, enquanto não fazia o que as pessoas esperavam que eu fizesse. Agora estou tentando alcançar o que as pessoas esperam. Eu quero que tenha mais de um meu. Poderia me mandar pra Cardiff, sentar num canto e fazer nada além de imaginar aventuras pro Doutor. Isso seria grandioso.
emlynmb: Essa é a melhor história de DW que você gostaria contar ou existem outras que surgiram desde sua infância?
Gaiman: Sempre quis ir um pouco mais fundo na TARDIS. Não é o que todos queremos? A história na verdade surgiu de trás pra frente. Começou comigo querendo escrever algo parecido com “THE MOST DANGEROUS GAME” se passando na TARDIS, com o Doutor sendo caçado. Depois eu pensei que isso não seria divertido, porque ele sabe tudo sobre a TARDIS. Não valeria a pena. Seria mais interessante ter companheiros caçados pela TARDIS… E eu pensei, ou se algo maligno possuir a TARDIS. Mas se eu fizesse isso, teria que botar a consciência da TARDIS em algum lugar. E então eu tinha uma história. E definitivamente existem outras histórias.
CameronYJ: Quais episódios de Doctor Who você assistiu e gostaria de ter escrito?
Gaiman: Eu adoro fazer parte do público. Na 5ª temporada, eles me enviaram todos os roteiros (porque meu episódio ia ser o episódio 11) e isso tirou a graça pra mim. Eu sabia o que iria acontecer. Dei todos os meus suspiros enquanto lia. Na 6ª temporada, eu pedi a Steven Moffat que só me contasse o que eu precisava saber pra mudar o episódio 11 da 5ª temporada (Sem Rory) para o episódio 3 (que depois virou episódio 4) da 6ª temporada. E ele me contou só o que bastava, algumas coisas secretas e o significado de “The Only Water In The Forest Is The River”. E eu fui ao trabalho. Estou amando assistir essa série sem spoilers. Então… Nenhum deles.
@cameronkieffer: Se você pudesse escrever Doctor Who pra qualquer meio (tv, quadrinhos, etc) qual iria preferir e por que?
Gaiman: TV. Doctor Who é um programa de TV. (Eu disse não em todas as vezes que me perguntaram se eu queria escrever um spin-off quando era mais jovem, frustrando as amáveis pessoas que fizeram as Virgin New Adventures e Telos Novellas e expliquei que queria escrever um episódio do programa. O que talvez tenha sido meu jeito de manter a esperança que o programa voltasse a ser exibido.)
@DanVine: Doctor Who é mais fácil ou difícil de escrever que o normal? E o quanto?
Gaiman: Eu acho que é mais difícil. A maioria dos scripts tem um tom consistente, e você sabe exatamente o que pode acontecer. Doctor Who pode ser qualquer coisa e ir pra qualquer lugar, e você tem que ir progredindo com a história enquanto a escreve. E então fazer com que as pessoas percebam sua visão multimilionária de mudança de orçamento. E então você corta muitas coisas que teriam sido caras demais.
@nacarrell, HowardShum, Sphinx24 @hayheyleyDid: Você teve total controle criativo? Ou um arco pra trabalhar – e isso mudou quando o episódio mudou para a 6ª temporada? Algo que você queria fazer mas não podia? E seu roteiro foi editado?
Gaiman: Ninguém tem total controle criativo. Você sempre fica contra as coisas práticas, o orçamento e também é um trabalho em equipe. (Eu escrevi: Doutor: Eu não quero que você… Mas Matt Smith decidiu como fazer isso, com Richard Clark dirigindo. Foi ele quem se segurou como uma criança tentando não chorar. Isso foi eles. Um ator ou um diretor diferente poderiam ter feito de forma diferente. Imagine Tom Baker, David Tennant, Patrick Troughton, Christopher Eccleston ou Sylvester McCoy dizendo isso, cada um com seu próprio tom.) Sim, coisas mudaram quando o episódio mudou de posição. Deixou de ser só Amy, ficou Amy e Rory. O que significava que House brincou com eles/manteve-os ocupados quando pegou a TARDIS. Quis dizer que a TARDIS não tentava mais alertar o Doutor sobre os eventos de The Big Bang, ou como ele poderia conseguir sair dessa.
@Willwebbful, @Valamist, @llincathryn, @SarahR89: Quem era Idris antes? E como ela chegou ao asteróide?
Gaiman: Sabe, nos primeiros rascunhos nós aprendíamos um pouco mais sobre Idris, e ela ficava presa no asteróide, e ela não se torna a TARDIS antes dos 20 minutos. Mas a coisa só se torna interessante quando ela se torna a TARDIS. Então nós tiramos isso. Tanta coisa da história da Tia e do Tio estava em minha cabeça e em scripts antigos — e tinha ainda muito mais do que filmamos. Adrian e Elizabeth eram divertidos e assustadores ao mesmo tempo, e falavam que as TARDISes quando colocadas numa forma humana diziam algumas palavras então morriam: o que nossa TARDIS fez no corpo da Idris era inédito. Mas então, ficou longo demais, e essas cenas cenas, assim como outras dos dois simplesmente se foram.
@thorngirl: O Doutor já não regenerou uma vez só de uma mão? A Tia tinha a mão do Corsair nela, o Doutor não poderia “crescer” o Corsair a partir disso?
Gaiman: O braço (rins, baço, etc) está num universo bolha e atingiram o Zero Absoluto rapidamente, destruindo todas as células, o DNA dele, etc. Ele estará perfeitamente preservado caso alguém precise dele numa história futura. Mas na minha cabeça, não, está destruído.
dholiday: Você deixou claro o que aconteceu com o Lar? Pra mim, o destino dele ficou meio ambíguo, imagino que a essência dele ainda está flutuando por aí… Morrendo de fome talvez, mas ainda vivo… Esperando por comida.
Gaiman: Em quase todas as versões do roteiro antes de filmarmos, eles queimavam o corpo da Idris. E na maioria desses ficava bem claro que o Lar tinha sobrevivido. Mas agora, está mesmo mais ambíguo. Mas eu gosto de vilões sem corpo. Algo que você não pode ver pode ser tão assustador quanto o que você vê. (Um de meus vilões favoritos de Doctor Who na infância era a Great Intelligence, e Lar deve um pouco a ele e a Arthur Conan Doyle, WHEN THE WORLD SCREAMED — e uma referência ao meu amigo, Harlan Ellison.
@Acey90: Se existem dúzias de salas de controle que o Doutor jamais viu, isso quer dizer que a idéia é continuar regenerando e ignorar a regra dos 13 corpos?
Gaiman: É interessante, essa regra. Mas logicamente, ela era flexível (os Time Lords deram ao Master um novo ciclo de regenerações). Então eu sempre pensei que é mais como uma lei que nem o limite de velocidade e não lei como a Gravidade. e se não houver mais nenhum tipo de policia pra observar o limite de velocidade, você pode dirigir o quanto rápido quiser. Mas ainda sim, é muito mais perigoso. E essa é minha opinião. E em relação ao Sr Moffat, ele também deve ter um plano, ou talvez ele saiba que isso não é problema dele, mas sim pra quem estiver no comando daqui a 8 ou 10 anos.
A1batross: Estou sendo trivial ao perguntar como a TARDIS estava traduzindo os idiomas se a matriz havia sido colocada numa linda mulher? Ou o monstro do asteróide estava falando inglês educadamente?
Gaiman: Pela mesma razão que as portas abriram e fecharam, e todo o interior da TARDIS não ficou com o mesmo tamanho do exterior. A matriz da TARDIS estava fora dela, mas a tradução é um processo automático. (É como uma pessoa entra em coma e continua a respirar. Muitas coisas funcionam, só que não há ninguém comandando isso.)
@NevarAnoi: O que aconteceu com as almas das outras TARDISs?
Gaiman: Elas eram colocadas na cabeça de outras pessoas que vieram pela fenda e não sabiam o que aconteceria a elas. O Lar iria começar a se alimentar com energia Artron. A pessoa com a matriz da TARDIS falaria poucas palavras, ou gritaria, ou simplesmente cairia inconsciente. E então, em poucos minutos, ou uma hora no máximo, o portador do corpo morreria, a energia da TARDIS seria solta e não teria pra onde ir, uma fagulha, uma espiral e se desfazia.
Gaiman: Certo. O tempo acabou. Responderei algumas das mais perguntadas aqui, sem dar crédito a quem as fez. (muitos a creditar nesse ponto)
1) Sim, Puxe para Abrir obviamente refere a porta. Mas é uma instrução, e está na porta dela, e as portas das Cabine de Polícia realmente abriam pra fora. (Mas abrir pra dentro faz muito mais sentido pra uma nave espacial.)
2) Sim, haviam muito mais salas da TARDIS em versões anteriores do roteiro. Gostava muito da cena da Sala Zero, com Rory tendo que aprender a levitar, mas Salas Zero e levitação custa dinheiro e demora pra filmar, assim como piscinas e salões de espelhos, e estávamos sem nenhum dos dois na época.
De qualquer forma, agora temos os corredores da TARDIS prontos. E nunca tivemos-os antes. E isso quer dizer que outros escritores podem usar os corredores para ir em algum lugar. Como a nova piscina. Ou o salão de baile.
Fonte: The Guardian
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