Então, amigos, o terceiro episódio de Class está aí, e com a chegada dele vamos conseguindo formar opiniões mais consistentes sobre a série, embora ainda tenha muita coisa pra acontecer nessa primeira temporada. Intitulado Nightvisiting (visita noturna), o episódio começa com uma sequência bem bonita, que mostra brevemente a história da personagem Tanya, focando em seu pai, falecido há dois anos. Eis que depois das cenas emocionantes, desde a morte dele até a manhã presente, em que a personagem vai com a família visitar o túmulo, a moça entra no quarto e dá de cara com o próprio pai, aparentemente, bem vivo. Mas essa é uma história sobre alienígenas, não sobre fantasmas ou óbitos forjados, então já dá pra desconfiar que tem algo aí que não é bem o que parece.
O alien da vez é mais uma figura nova pra nós (e aproveito pra dizer que estou doida pra ver esses meninos enfrentando criaturas que a gente já conhece – uns Weeping Angels em Coal Hill não fariam mal a ninguém. Ou melhor, fariam sim!). O Lankin se apresenta como algo/alguém capaz de reunir as almas dos mortos, possibilitando que elas se reencontrem com as pessoas amadas. E se você lembrou da Missy com seu exército de cybermen no final da oitava temporada de Doctor Who, saiba que não está só. Não é a primeira vez que o universo da série flerta com o assunto da vida após a morte, que também já havia aparecido em outras ocasiões, como no Army of Ghosts, com o decimo Doctor.
Quanto ao Lankin, ele tem uma aparência bem nojenta e algumas características interessantes, como uma certa capacidade de se recuperar de danos físicos. Ele também consegue uma ligação telepática com suas vítimas, por isso é capaz de se passar por entes queridos. Além disso, embora apareça em vários lugares, com a forma de várias pessoas diferentes (sempre ligadas a um fio asqueroso que sai da fenda temporal), o Lankin é um somente um ser. Essa característica em especial me fez lembrar os Grandes Antigos, uma classe de monstros que já deu muito trabalho para o Doctor e que inclui seres como o Animus, a Grande Inteligência e a Consciência Nestene, mas não acredito que uma criatura dessa complexidade caberia em Class agora (a não ser que fosse algo para ser explorado em temporadas futuras).
Os visitantes inesperados também aparecem para Miss Quill e Ram, embora com menor efeito que para Tanya, e os dois vão lidar com a situação cada um a seu modo. Mas alguns dos pontos mais interessantes desse episódio vão bem além da ameaça extraterrestre. A história consegue expor elementos importantes da vida de alguns personagens, como obviamente a própria Tanya, mas também Miss Quill e April. Os problemas de cada um ficam mais evidentes, especialmente de Matteusz, que enfrenta um conflito sério com a família. Isso também dá espaço para aprofundar a relação dele com Charlie, gerando momentos fofos e até cenas quentes entre os dois. Vemos ainda relações inesperadas se formando entre outros personagens. São essas situações que mostram que, embora tenham um planeta para defender, eles são apenas pessoas jovens enfrentando problemas que muitos outros adolescentes encaram no mundo, o que, se bem trabalhado, pode ser crucial para gerar identificação com o público.
Também nessa tentativa de se aproximar da audiência adolescente/jovens adultos, é notável o uso de referências a itens populares entre esse nicho. Isso vem sendo observado desde o primeiro episódio, com menções a outras séries, como Once Upon a Time e Vampires Diaries e também o inteligente uso de uma música do Arctic Monkeys logo após um dos personagens citar a cidade de Sheffield (cidade natal da banda), o que passa despercebido para muita gente, mas certamente foi notado pelos milhares de fãs do grupo britânico. Nesse terceiro episódio, a referência é feita à serie de livros Hunger Games (Jogos Vorazes), que Miss Quill aparece lendo e até acredita se tratar de algo real.
De uma forma geral, o episódio tem diálogos interessantes e consegue gerar uma atmosfera de tensão em alguns momentos. O que ainda me incomoda é o climax e o desfecho da história, que, a meu ver, poderia ter um pouco mais de ação, embora a participação da Miss Quil no final tenha trazido um tanto disso. Mesmo assim, achei que foi bem melhor que o segundo episódio, e a série mostra potencial para prender as atenções do público. Nos resta esperar para ver em que os autores apostaram pra conseguir fazer isso.
Ainda não assistiu e quer tirar suas próprias conclusões? Você encontra o episódio nesse link. Já assistiu? Então vem saber mais do que achamos do episódio nesse podcast (com spoilers).
Jornalista apaixonada por histórias e personagens fictícios, principalmente se eles viajarem pelo espaço a bordo de uma cabine azul.