Continuando nossas resenhas dos livros da Target Collection baseados em Doctor Who, hoje temos Rose.
Apresentação
Oie rubians! Estou de volta, dessa vez para falar sobre Rose.
A novelização de Rose foi escrita por Russel T. Davis, o roteirista original e showrunner da retomada da série para a TV. E como pai da criança, RTD aproveitou para fazer todas as mudanças necessárias para alinhar a primeira história da nova era com o que veio depois. Especialmente no que diz respeito ao Mickey.
Como eu acredito que todo mundo que está lendo essa resenha assistiu Rose pelo menos uma vez na vida, eu vou pular as partes que estão na TV e me concentrar nas mudanças, OK?
Para ler a primeira resenha dos livros da Target, vá em: Livro ‘The Christmas Invasion’ (Target Collection).
Resenha
As mudanças já começam no prólogo…
Como disse, RTD aproveitou pra colocar todas as cenas que ele queria filmar, mas o tempo e o dinheiro não permitiram. Começamos o livro com a história de Bernie Wilson, o homem da loteria, o funcionário da Henrik’s que cuidava do bolão dos funcionários – e que embolsava o dinheiro em três das quatro vezes em que ele deveria fazer a aposta. Até que numa dessas vezes em que ele não jogou, os números de uma das funcionárias foram sorteados. O que Bernie fez? Montou um esquema para colocar fogo na sua sala e destruir tudo, incluindo o bilhete premiado fantasma. Só que os Autons chegaram antes.
Os dois primeiros capítulos são o que vimos na TV, que é basicamente a rotina da Rose. Está tudo lá: o almoço com o Mickey, o tédio de passar o dia dobrando roupa, ter que levar o dinheiro do bolão para Bernie Wilson, encontrar Autons, ter seu emprego explodido por um careca numa jaqueta de couro.
Sobre a explosão, temos mais alguns detalhes: Rose do lado de fora vendo o prédio pegando fogo, a reação dos demais funcionários (e especialmente a da moça que achava que tinha ganho na loteria). No dia seguinte, a polícia encontrando o esquema que Bernie Wilson tinha feito na parte elétrica do porão e concluindo que essa foi a causa da explosão.
Pulamos pra menina Rose Tyler chegando em casa, e temos uma descrição pormenorizada do que é o Powell Estate, que é, na verdade, um conjunto habitacional do Estado formado por dois blocos de muitos apartamentos na periferia de Londres. As cenas no Powell Estate acabam ganhando um pouco mais de vida no livro: mais vizinhos entrando e saindo de casa e uma pequena mudança na primeira aparição do Mickey.
E falando em Mickey Smith, é dele a maior mudança feita no livro. No universo expandido, Mickey é um pouquinho mais bem tratado (ou um é menos capacho iludido) do que na TV, apesar de continuar sendo o sidekick do Doutor e de Rose na Terra. Finalmente ele teve o desenvolvimento de background que merece.
Mickey Smith era filho de uma das melhores amigas de Jackie Tyler. A mãe, Odessa, se matou com uma overdose de tranquilizantes quando ele tinha 5 anos. Mickey foi morar com o pai, que o abandonou seis meses depois com a avó, que cuidou dele até os 16 anos – a avó inscreveu Mickey na lista para um apartamento no Powell Estate e, dois meses depois que ele saiu de casa, a avó morreu de uma queda. A história da avó só havia surgido lá na segunda temporada, quando o Doutor, Rose e Mickey vão parar no Mundo de Pete.
Na novelização Mickey ganha amigos também. Mock, Patrice e Sally. Juntos, eles têm uma banda de R&B que toca nos pubs da região aos fins de semana. A casa do Mickey é o refúgio dessa galera: Mock é o filho mais novo de uma família indiana com mais 6 filhos – e gay; Patrice fugiu de casa porque apanhava do namorado da mãe; Sally nasceu Stephen e foi expulsa de casa quando se declarou trans. RTD traz todo esse pessoal pra vida do Mickey e mostra Rose se orgulhando dessa pequena comunidade que é o apartamento 90 do Powell Estate. Mickey já não é mais só o cachorrinho que segue a Rose por onde ela vai.
A cena em que a Rose vai na casa do Mickey usar o computador para pesquisar sobre o Doutor também muda. Ao invés dele sozinho em casa, essa galera toda está lá, comendo curry requentado e escolhendo o novo nome da banda para um show no fim de semana. O nome escolhido? Bad Wolf. Infelizmente Mickey acaba perdendo o show porque estava refém da Consciência Nestene depois de ter sido engolido pela lata de lixo, cena que não chega, no livro, aos pés do original da TV – aquele arrotinho de satisfação da lata de lixo é um dos grandes momentos de Doctor Who até hoje.
Falando no site do Clive, temos algumas mudanças nessas cenas também – e uma delas que acho bem polêmica.
O site foi ampliado, com mais algumas imagens de todos os Doutores, não só o 9º. O mesmo vale pra cena da Rose no puxadinho da casa do Clive: ele mostra a ela imagens de todos os Doutores que vieram antes do 9º e também dos que vieram depois – quando Clive vai mostrar as fotos do 10º Rose se distrai com a foto do 9º correndo de um pterodáctilo. Mas ela vê o 11º, o 12º e a 13ª (correndo de um sapo gigante no Palácio de Buckingham). E ela vê mais algumas encarnações futuras do Doutor: uma negra alta e careca e um adolescente numa cadeira de rodas futurista.
Vou ser bem sincera: não curti isso aí não. Poderia ter parado na 13ª que já estava de bom tamanho. Quando um autor começa a inventar muito, especialmente com futuras faces do Doutor em material canônico, acaba deixando pra outro autor a bomba de vir no futuro e retificar o que não aconteceu. Enfim…
Seguindo a leitura, vemos uma mudança e duas novas cenas. A mudança é mínima, um maior tempo na cena do restaurante em que a versão Auton do Mickey quebra tudo, algumas falas que pelo jeito ficaram de fora do episódio por problema de duração.
As duas novas cenas se passam antes e durante a invasão dos manequins. A primeira se passa no Embankment – a região onde fica a London Eye. Enquanto o Doutor e Rose estão procurando o esconderijo da Consciência, alguns Autons começam a segui-los e a tocar o terror durante a perseguição aos dois.
A segunda é a invasão dos Autons por diversos pontos de vista, de forma mais longa. Na TV nós vemos rapidamente a morte de Clive e a Jackie fugindo do furdunço. No livro a cena da morte do Clive é muito mais elaborada – diria até poética, com ele percebendo que o Doutor realmente existe e as ameaças alienígenas são reais. Temos ainda a invasão dos manequins do ponto de vista de Jackie, dos amigos do Mickey (com uma cena que envolve manequins de uma Sex Shop de BDSM perseguindo eles por Camden Town) e do pessoal que estava na gôndola 27 da London Eye no momento em que o sinal foi ativado e os manequins criaram vida.
Depois disso, o que temos é basicamente o que se vê na TV (tem só uma ceninha extra pós balbúrdia com o Doutor mostrando para Rose que eles estavam no espaço e que lembra um pouco a cena do pai do Rory vendo o universo enquanto fazia um lanche no final de The Power Of The Three).
Rose é, das quatro novelizações, a que melhor trabalha essas mudanças sem destroçar o que foi visto na TV (vocês vão entender o que eu quis dizer quando eu falar sobre The Day Of The Doctor).
Nota: 9/10
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