A atual dupla da Equipe TARDIS responde às perguntas feitas pelos fãs no último exemplar da Doctor Who Magazine! Suas perguntas foram respondidas?
Entrevista para a Doctor Who Magazine #566:
Pergunte À Família
Nós pedimos aos nossos leitores que mandassem perguntas para a Doutora e Yasmin — ou melhor, Jodie Whittaker e Mandip Gill. Em maio, nós selecionamos as melhores e fizemos uma ligação para Cardiff…
“Oi! Como você está?” O rosto sorridente de Jodie Whittaker aparece na tela do nosso laptop quando nossa conversa pelo Zoom começa. “O que conta?”, continua Mandip Gill, sentada ao lado de Jodie no sofá.
Elas passaram o dia todo gravando cenas para a nova temporada de Doctor Who, mas elas encontraram algum tempo (e muita energia) antes do jantar para responder às perguntas enviadas pelos nossos leitores. Elas querem responder a maior quantidade possível. Jodie promete: “nós vamos tentar ser rápidas!”
ELLEN BRUNDIGE pergunta: imagine que vocês duas estão fazendo uma viagem de moto pelo Reino Unido. Quem está dirigindo, quem está no carona e onde vocês param no caminho?
Jodie: Eu dirijo! Ela dirige muito mal!
Mandip: E além, você adora estar no controle!
Jodie: Eu sou absolutamente controladora. [Risos]. Mas o seu senso de direção e você guiando…
Mandip: Não posso discordar disso. Eu vou, definitivamente, no carrinho acoplado, olhando a paisagem…
Jodie: Com certeza. E nada de mapas. Na verdade, nós vamos ter que usar GPS, porque nós duas somos péssimas com mapas. Mas eu escolho onde nós vamos e eu dirijo.
Mandip: eu vou só relaxar, olhar a paisagem. Com meus lanches!
Ellen também quer saber onde vocês vão parar no caminho.
Jodie: Nós temos que viajar do norte do país para o sul, não é? Então, se nós vamos começar por cima, eu acho que nós deveríamos fazer algo realmente legal… eu adoro uísque escocês, então nós poderíamos visitar as ilhas daquela região e depois descer…
Mandip: Mas eu não bebo!
Jodie: Ok, então a gente compra Irn-Bru [um refrigerante escocês tipo Fanta] para a Mandip abstêmia.
Mandip: Eu adoro Irn-Bru.
Jodie: Depois, a gente tem que ir para Yorkshire… os Lagos…
Mandip: a gente pode ir até o ponto mais alto da rodovia? Eu sei que é meio chato, mas só eu, no sidecar, no alto de tudo seria bem legal.
Jodie: Eu definitivamente estou no comando! Mas a gente precisa ir até algum lugar que tenha uma tecelagem. E nós precisamos ir ao norte de Gales, porque nós ainda não filmamos lá. Então, nós precisamos fazer isso. E temos que terminar na Cornualha.
CATHERINE JONES pergunta a Jodie: a sua personalidade e a da Doutora são de algum modo parecidas?
Jodie: Absolutamente! Quando começamos, na temporada 11, eu fiquei realmente chocada ao descobrir o quanto da minha personalidade eu tinha a oportunidade de trazer. Porque no começo eu pensei que fazer a Doutora seria um mundo de diferença. Eu acho que pude trazer a minha energia e a minha imprevisibilidade para o papel — meu processo mental hiperativo. Eu acho que essas coisas, e a minha curiosidade, são muito parecidas.
Mas e as diferenças entre você e a Doutora?
Definitivamente existe uma diferença gritante no intelecto! [Risadas]. E também o nível de medo. A Doutora sempre parece ter um medo saudável, que não é debilitante. Eu acho que os meus medos são debilitantes. E a raiva da Doutora tem raízes em coisas reais. Eu sinto que quando eu preciso externar a raiva da Doutora, isso tem que vir de algo realmente profundo em mim.
JULIA MAY pergunta para Mandip: Se você não fosse uma companion, você preferiria ser a Doutora ou o Mestre?
Mandip: É necessário um certo tipo de ator para ser o Doutor. Eu não acho que qualquer pessoa possa interpretar o Doutor, não importa quão bom ator a pessoa seja. Você precisa ter algumas características específicas para ser o Doutor. Eu preferia ser o Mestre, porque não existem tantas chances de interpretar um vilão… o jeito que o Sacha [Dhawan] interpreta o Mestre, eu acho que há similaridades com a Doutora — os maneirismos e expressões físicas. Então, fazendo o Mestre você também consegue fazer algumas coisas divertidas que tem a ver com a Doutora.
Jodie: Eu sei que a Doutora é imprevisível, mas o Mestre também é. O personagem tem camadas. Você pode não perdoar o Mestre — o comportamento dele com a Doutora é abominável, mas vem de uma situação interessante. E ele é carismático! Infelizmente, algumas das piores pessoas da história são carismáticas…
Mandip: O que eu acho que acontece com qualquer vilão interessante é que você entende que eles não se comportam mal sem motivo. Quando os vilões são bem interpretados, tem um pedacinho de você que pensa “oh, eu entendo o que te incomoda… claro que eu não me comportaria assim, mas a sua reação é válida”. Sem isso, um vilão é só uma má pessoa. E isso não não funcionaria — seria chato. Sacha faz isso tão bem. Nós o vimos criar o personagem.
BRYCE MESSER pergunta: Se você pudesse usar a TARDIS para encontrar alguém do passado, quem seria?
Jodie: sua vez, Mandip.
Mandip: Eu espero que essa não seja uma resposta muito óbvia, mas ter feito o episódio de Rosa Parks, eu gostaria muito de sentar com ela e repassar aquele dia. Aquele evento.
Jodie: Sim, você consegue imaginar?
Mandip: Porque aquilo mudou tudo para pessoas como eu. As ações dela mudaram a minha vida. Então, eu gostaria de sentar com ela, com uma bebida quente, e perguntar “por que naquele momento?”, porque as ramificações de ter recusado a dar o lugar no ônibus poderiam ter sigo horríveis para ela. Se eu não tivesse feito o episódio, eu poderia não dar valor ao que ela fez, mas ver a versão de Rosa Parks feita pela Vinette [Robinson]… ela parecia ser uma pessoa tão inteira e tão próspera. Como ela encontrou isso dentro de si para fazer o que fez?
Jodie: O nome disse é força. Eu voltaria no tempo para conhecer Emmeline Pankhurst, por motivos óbvios. Ela foi uma pessoa tão importante para nós, mulheres, especialmente aqui no Reino Unido. Tendo votado na semana passada, nós podemos ligar isso às sufragistas. E no grande esquema de coisas, o movimento sufragista não foi há tanto tempo assim. Eu acho que aquela sororidade, aquela união de furor e paixão, seria uma coisa interessante de testemunhar.
GEOFF COCKWILL: se a sua TARDIS pudesse te dar outra coisa além de, ou diferente de, biscoitos de nata, o que seria?
Jodie: Veja bem… nós estamos falando da Doutora ou de mim? Se é de mim… eu posso responder o que eu gostaria?
Mandip: Eu sei o que você vai responder.
Jodie: Teria que ser o vinho mais extraordinário, mantido na temperatura perfeita. E precisaria ter um daqueles aeradores sensacionais, que mesmo que você abra uma garrafa realmente maravilhosa de vinho tinto você não precise consumi-lo super rápido — o aerador garante que ele se mantenha por algum tempo. Mas se eu for responder como a Doutora, eu provavelmente escolheria alguma coisa doce para comer pelo caminho. Eu estou pensando aqui nos meus biscoitos favoritos… ou que tal uma massa bem cremosa?
Mandip: Isso te deixaria letárgica!
Jodie: Mas seria tão gostoso!
AIDEN GOOCH pergunta: Durante as gravações de Doctor Who vocês visitaram algumas locações brilhantes. Qual foi o lugar favorito em que vocês filmaram?
Mandip: Essa é fácil — África do Sul!
Jodie: África do Sul.
Mandip: Foi absolutamente brilhante.
Jodie: Em qual lugar da África do Sul?
Mandip: Todos eles. A coisa toda. A experiência toda. Encontrar Sacha lá… Lembra que nós viajamos por horas e horas até chegar à cabana do O? Era um lugar tão remoto, não era?
Jodie: Para mim, foi na locação de The Ghost Monument. Era lindo. Foi lá que o Shaun [Dooley] tirou a foto da TARDIS nas rochas.
Jodie: Estava tão quente, não estava?
Mandip: Quarenta graus. Só dunas por milhas.
Jodie: Eu realmente amo Gales, mas eu preciso dizer que a África do Sul ganha. [Risos].
RYAN CROUGHAN pergunta: Qual foi o produto mais surreal que vocês já se viram imortalizadas?
Mandip: A minha é fácil.
Jodie: Vai em frente.
Mandip: A minha é o bonequinho que fizeram no ano passado. É absolutamente fantástico. Você teve um monte de produtos.
Jodie: Eu acho almofadas muito aleatórias. Uma almofada nem é tão estranho, mas quanto tem o seu próprio rosto nela…
Mandip: O que você quer dizer — seu rosto numa almofada?
Jodie: Eu não consigo imaginar entrar em casa e sentar numa almofada com a minha cara estampada… eu acho que isso seria estranho, não seria? Mas eu amo os Funko Pops!
Mandip: Eu ia falar isso, se alguém que trabalha na Funko estiver lendo isso. Você pode colocar na matéria? Pense em todas as garotinhas que iriam querer um!
ELIJAH GALLOWAY-DUTTON pergunta: Qual a experiência mais surreal que vocês já tiveram no programa?
Mandip: Eu não sei se a palavra é surreal, mas no primeiro dia eu conheci a Jodie no meu trailer e daí nós fomos para o set. Eu já conhecia o Tosin [Cole] — eu o conheço há anos, e eu sabia que ele estaria no programa. Nós esperamos horas por essa gravação noturna, e você estava no alto daquele andaime imenso — você lembra?
Jodie: O guindaste, sim.
Mandip: Eu tinha que apertar todos aqueles botões e era um pouco demais, especialmente porque era o meu primeiro dia. Eu olhei para cima e o cinegrafista era esse cara chamado Mark, com quem eu trabalhei em Hollyoaks anos atrás. Eu estava tipo “ai meu Deus, eu vou ficar bem, aqui”. Tosin estava lá também, e tinha Mark acenando pra mim atrás da câmera. Eu sempre me senti segura aqui porque o Mark é um cinegrafista tão bom, tão caloroso e generoso.
Jodie: A equipe toda é muito, muito próxima. A coisa toda de estar no set é tão…
Mandip: É tão quentinho e amável…
Jodie: Uma bolha?
Mandip: Sim. Era o meu primeiro dia e aquilo cimentou… na verdade, a jornada toda continua sendo assim.
Jodie: Para mim, surreal é quando você se pega meio fora do momento e pensa “esse é o seu trabalho, essa é a sua vida e você tem muita sorte”. Eu lembro de um momento [em Ascension of the Cybermen] quando os drones dos Cybermen estavam vindo. Você tinha que fazer a sua acrobacia, Tosin tinha que fazer a dele, e Brad estava tão feliz em fazer esse grande mergulho de barriga de tiozão, direto em cima de um colchão. [Jodie imita o Bradley]. “Você viu meu pulo, você viu meu pulo?”. Ele se jogou no colchão! Todo mundo teve seu momento naquele dia. Havia câmeras drone voando enquanto nós assistíamos os dublês dando grandes saltos e as explosões ao fundo. Patrick [O’Keane], que fez o Ashad, e seu time de Cybermen andando em uníssono em nossa direção… e mesmo estando frio, ninguém voltou para os trailers — ficamos sentados vendo o que os outros estavam fazendo, porque nós estávamos realmente animados. É nessas horas que a gente pensa “isso está mesmo acontecendo?”.
Mandip: Sim!
Jodie: É como se tivessem nos dado o melhor presente da história. É ótimo.
Mandip: Eu sei. Há momentos em que eu penso “nós somos adultos correndo por aí, e esse é o nosso trabalho!”. E aí você percebe que tem tipo 30 pessoas te levando realmente a sério, filmando tudo.
Jodie: Quando você vê de fora, você percebe que todas essas cenas épicas são um grande esforço coletivo. E você percebe como é só uma peça pequena nesse grande quebra-cabeça. É fantástico.
LUKE CARR e GABE KEOGH ambos fizeram a mesma pergunta: se você tivesse que escolher a história favorita das temporadas 11 ou 12, qual seria?
Jodie: Você escolhe uma e eu escolho outra diferente.
Mandip: Eu sinto que eu deveria escolher Demons of the Punjabi, porque é realmente brilhante e significou demais para mim. Nós ficamos tão felizes de Vinay [Patel] ter escrito a história e trazido o assunto para a TV comum… foi ótimo. Mas eu tenho que escolher Rosa, por conta de como filmamos na África do Sul. Vinette foi excepcional — ela é tudo na cena em que desce do ônibus. Eu não acredito que havia pedaços da história de Rosa Parks que eu não conhecia, coisas que não me ensinaram. Então, eu tive a oportunidade de aprender algo. E nós tivemos ótimos dias durante a filmagem.
Jodie: Minha resposta a essa questão é um pouco egoísta. Meu episódio favorito é o meu primeiro, pelo modo que eu entro em cena e como o episódio chega no seu clímax com o discurso da heroína para o Tim Shaw… Tzim-Sha! Foi uma introdução de temporada incrível na minha opinião e, de um jeito estranho, parece que as memórias daquele episódio são mais vívidas na minha cabeça que os da última temporada, porque cada momento está arraigado. Tudo era muito novo, nós fomos de não nos conhecermos na vida real para ser uma família muito rápido. Aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo que parece que aquele único episódio foi um ano inteiro.
SYLVIA LUPINE pergunta: Qual o segredo mais difícil que vocês tiveram que guardar?
Jodie: Essa é fácil de responder — o segredo mais duro de guardar foi o meu! Foi um período muito longo da minha vida — o intervalo entre fazer o teste para a Doutora, ser escolhida e o anúncio. Eu não tinha vontade nenhuma de que isso vazasse antes da revelação, porque eu sabia que a minha vida iria mudar e eu não estava com pressa para que isso acontecesse antes que eu estivesse pronta. Mas profissionalmente, eu era a única pessoa na minha equipe que sabia que eu havia sido escolhida. Eles me mandavam testes e eu ia [imitando uma diva]: “desculpa, mas eu não quero fazer isso”. Eu quase disse “eu fui escolhida!”. Eu quase contei centenas de vezes. Mas eu não contei. Foi difícil, mas valeu a pena. E foi bom para manter os outros segredos da temporada. Mas para você… entre ser escolhida e começar não demorou muito tempo, né?
Mandip: Não, mas eu também não acho muito difícil guardar segredos.
Jodie: Nem eu. Você se acostuma.
Mandip: Acostuma mesmo.
Jodie: Eu odeio spoilers.
Mandip: Sim. Quando Brad e Tosin saíram, viviam me perguntando a mesma coisa: “você vai continuar?” Eu não sabia o que dizer, então eu respondia: “quem sabe?”
Jodie: Geralmente a gente não sabe o que vai acontecer [em episódios futuros] porque ninguém nos conta. É um bom sistema, na verdade. Às vezes, quando eu descubro o que vai acontecer, eu fico: “que bom que você não me contou antes!”
Mandip: Verdade!
JAMES WOODS pergunta: Quanto à atuação, qual foi a cena mais difícil que vocês fizeram?
Mandip: Eu sei, eu sei…
Jodie: Você foi direto ao ponto!
Mandip: Tem uma cena em The Withcfinders que eu estou assim [faz som de engasgo] e eu estava usando só uma jaqueta jeans e estava tão frio. Você me protege sempre, mas dessa vez eu estava sozinha. Quando está frio e nós estamos juntas, nós vamos para um lugar quente e já ajuda. Todo mundo estava lutando contra o tempo — era a Besta do Leste! — mas eu estava sozinha, nessa jaquetinha, tentando segurar esse machado imenso. Eu pensava: “será que eu tomei a decisão certa?!” [As duas riem] Aquele episódio foi bem difícil de filmar.
Jodie: Sim, super difícil. Também foi divertido, mas tinha tanta pressão envolvida. Pra mim, foi uma cena em The Ghost Monument. Nós estávamos na nave do Shaun Dooley e eram cinco páginas [de roteiro] em uma única tomada. Havia o stress de saber que tínhamos que chegar à página cinco e, ao mesmo tempo, lembrar da coreografia.
Mandip: Nós ensaiamos, não foi?
Jodie: Sim. Shaun e eu meio que coreografamos o movimento juntos. Foi engraçado, porque parecia uma dança e eu gosto dessas coisas. Teve uma hora que eu acertei as falas, mas no final eu dei a volta pelo lado errado pra pegar uma cadeira. Eu sentei e nós dois ficamos “Aaaaargh!”. A pressão… e aí, na edição, viram e falam: “ah, a gente sáo vai usar alguns closes…” Ai meu Deus! [risadas]. Mas foi ótimo e [o diretor] Mark Tonderai foi fantástico, não foi? Ele ficava pulando pelo set.
Um sinal vindo da cozinha chama a atenção de Jodie e Mandip, mas antes que elas saiam para preparar o jantar, Jodie tem uma mensagem para os leitores da DWM…
Jodie: Posso dizer que nós estamos animados para dividir a nova temporada com vocês. É um grande privilégio poder trabalhar lado a lado, em um ambiente seguro, e nós reconhecemos todos os esforços. Nós sabemos pelo que as pessoas têm passado — nós inclusos — e nós esperamos que os novos episódios tragam a diversão que a gente tanto precisa.
Traduzido de: Doctor Who Magazine #566