No último sábado o 15º Cultura Inglesa Festival promoveu um encontro com Robert Shearman, roterista do sexto episodio da primeira temporada “Dalek”. A tradutora não estava familiarizada com a série ( o equívoco mais grave mesmo foi “Stephan Moffat”) mas no final do encontro ela já arrariscava um “exterminate“. Ela, inclusive, se desculpou posteriormente, dizendo que foi chamada de ultima hora e que em outras circunstancias teria se preparado melhor.
O evento começou com a exibição da cena do primeiro encontro do nono Doutor com o Dalek, seguido de um monólogo de Robert sobre seu envolvimento com ficção cientifica, depois de três perguntas da platéia, precisavam esvaziar o teatro, e a organização do evento avisou que quem quiser ir para o hall do hotel onde Robert estava hospedado, ele continuaria bater papo com os com os fãs e distribuir autógrafos.
No hotel a coisa ficou bem mais descontraída, com uma dúzia de whovians fazendo perguntas e debatendo a temporada. Robert batia fotos e desenhava Daleks nos seus livros ou em qualquer pedaço de papel que pedissem. Brincou que a cada livro seu desenho de Dalek piorava e que Moffat é um gênio por que ele pode fazer pontinhos e dizer que são os Vashta Nerata é todo mundo fica feliz. Algumas fãs inclusive escreveram um bilhete para o elenco, que Robert ficou de entregar.
Pontos interessantes:
Sobre o processo de escrita do episódio:
- Foi chamado para fazer a série devido ao seu trabalho com ficção científica e realismo fantástico na televisão e no rádio, mas a sua esposa não gostou da idéia, por que não gostava da série e tinha uma aversão particular aos Daleks, então antes de escrever o roteiro pediu que ela listasse tudo que considerava bobo nos Daleks, e fez questão de aludir a cada um desses pontos durante o episódio;
- Um dos motivos citados foi que na série clássica eles só falavam “Exterminate”, por isso, ele apresenta o Dalek com um longo diálogo.
Das diferenças entre Moffat e Russel:
- Como Russel escreveu dramas a vida inteira, sempre procurava a comédia e era muito mais espontâneo com todas as coisas malucas que apareciam na cabeça dele, Moffat por outro lado, sempre escreveu comédias , então tende a ser mais metódico com a estrutura dramática da coisa;
- É amigo de Moffat a mais de dez anos e brincou dizendo que nunca o viu sorrir, enquanto Russel “é um cara feio de 2 metros de altura que gosta de abraçar todo mundo” – todos os escritores são feios, esclareceu.
Ao ser perguntado sobre momentos engraçados no seu envolvimento com a série:
- Não exatamente engraçado, mas John Barrowman acariciou seu joelho por uma hora, ele diz não ter levado pro lado pessoal;
- Ao gravar o episódio, o Dalek não passava na porta, e toda vez que tentavam passar ele entalava de novo;
- Na primeira vez que passaram o texto do episódio, Nick Briggs, ator que dá voz aos Daleks e de quem Robert foi padrinho de casamento, trouxe ou seu microfone modulador de voz, e o usou de surpresa no “Exterminate”, Cris tomou um susto que quase caiu da cadeira- “provavelmente foi o motivo dele sair da série”.
Como articulou os clichês:
- Disse que os Anjos são seu vilão favorito, por que assistiu o episodio antes de ir ao ar, na casa de uma amigo, e teve que andar mais de um quilometro a noite para voltar pra casa, em ruas escuras cheias de estatuas;
- Donna é a sua companion favorita. Disse que gostava da Rose, mas que no final ela tinha se tornado uma namorada dependente meio enjoadinha;
- Christopher Eccleston era incrivelmente tímido, e tem muito orgulho do que fez, mas até hoje não entende e não gosta de toda atenção que recebe;
- Eccleston era muito sério, e pedia conselhos sobre como expressar emoção de cada cena, Robert dizia para ele não levar tudo tão a sério;
- David Tennant é um cara escocês normal e Matt Smith é doido exatamente como o seu doutor;
- Gostou muito do episódio de Neil Gaiman, e tendo lido os primeiros esboços do episodio, disse que ele mudou, e melhorou bastante, devido às restrições de produção. No fim, foi um episódio doce, cheio de amor de fã, e ele admitiu ter chorado;
Robert também lamentou que a série não tenha tanta popularidade fora da Inglaterra, e disse que na sua opinião isso se dá em parte por que a serie é meio esquisita mesmo, e transita muito fácil entre os mais variados gêneros, e isso pode ser um pouco demais para audiências internacionais. E também garantiu que esse horário semana que vem já saberemos quem é River Song, mas disse que preferiu não saber, por que não teve surpresas com a quinta temporada depois de ter lido todos os roteiros.
Até aonde eu sei essa foi a primeira vez que o público brasileiro pode interagir com alguém trabalhou no processo criativo da série, cariocas. aproveitem a oportunidade.
Data: 31/05
Hora: 19h
Local: Blooks Livraria
Praia de Botafogo, 316
O Micael também postou seu relato do encontro no seu blog.
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