A Big Hand for the Doctor (Uma Mãozinha para o Doutor, em português), escrito por Eoin Colfer, é o primeiro conto da Puffin Books para comemorar os 50 anos de Doctor Who. Foi lançado em ebook e mais tarde em versão impressa na coleção Doctor Who: 12 Doctors, 12 Stories.
Sinopse
Londres, 1900. O Primeiro Doctor está sem sua mão e sua neta, Susan. Diante da busca de Susan, um feixe de luz soporífero, e uma série de saqueadores com intenção de colher membros do corpo humano, o Doctor entra em uma perigosa jornada para uma terra em que ele nunca irá esquecer…
Resenha
Depois de perder sua mão em um duelo contra os Piratas de Almas e conseguir uma mão de dois dedos, o 1º Doctor visita Aldridge, um cirurgião, para conseguir uma nova mão. Conversando com o Doctor, Aldridge diz que se ele quiser uma mão com cinco dedos terá que trazer uma amostra completa e esperar cinco dias para ficar pronta. O Doctor reclama que esperar cinco dias é muito tempo e tenta negociar. Aldridge acaba aceitando fazer a mão em dois dias, mas em troca o Doctor teria que trabalhar quatro dias como ajudante. Depois de aceitar essa condição, Aldridge dá para ele uma mão provisória, que pertencia a uma mulher com mãos grandes.
Logo após sair da loja do Aldridge, o Doctor conversa mentalmente com ele mesmo, dizendo que os Piratas de Almas ficam observando as crianças de noite com suas naves e raptam elas usando um raio soporífero antigravidade. Chegando na nave, os piratas pegam as partes das crianças e usam como transplante, não desperdiçando um único pedaço. O Doctor caçou incansavelmente os piratas ao longo do tempo e do espaço, o que acabou virando uma obsessão. As naves possuem um escudo impenetrável, portanto, são difíceis de encontrar.
Ao tentar se comunicar com a Susan, o Doctor recebe um monte de mensagens no seu comunicador de pulso. Ouvindo um grito de socorro pelo comunicador, ele descobre que sua neta está em perigo em uma casa em Kensington Gardens. Chegando lá, o Doctor vê uma luz dentro do quarto e corre para salvar Susan e as crianças, mas era tarde demais, Susan estava flutuando no meio do raio soporífero indo em direção à janela. Ele escala a janela e vai para o telhado, encontrando o pirata Igby, os dois discutem e lutam até que o Doctor consegue agarrar a espada do pirata com a sua mão provisória, fazendo-o cair do telhado e o raio levar ele para a nave. Enquanto o raio leva os reféns, o Doctor pula dentro do feixe de luz também.
No caminho da nave, o Doctor sonha com a sua mãe em Gallifrey quando era pequeno. Depois de alguns segundos, ele é acordado pelos piratas, que descobrem que o Doctor é um Time Lord, portanto, suas partes do corpo valem mais. Susan acorda e pergunta ao seu avô o que fazer e ele diz para ela descansar mais um pouco. Gomb, o pirata, pega duas crianças e vai embora da sala. No momento em que ele volta para pegar a Susan, o Doctor distrai o pirata e os seis reféns saem correndo enquanto Gomb atira neles.
Todos se juntam para procurar o portão espacial e sair dali. O capitão da nave encontra os reféns fugindo e dá as boas vindas para eles. O Doctor fica enfurecido quando percebe que o Capitão está usando sua antiga mão como um colar. O portão espacial magicamente se abre e eles conseguem fugir. O Capitão tenta entender o que aconteceu checando o computador e descobre que ele foi sabotado. O raio antigravidade sobrecarrega e o portão espacial fecha, causando uma explosão da nave.
Algum tempo depois, enquanto o Doctor está se recuperando da operação da nova mão, Aldridge conversa com a Susan sobre o ocorrido e fica indignado. Eles escutam um barulho e descobrem que o Doctor acordou. Susan comenta que a nova mão do seu avô ficou muito grande pra ele, enquanto Aldridge também diz para o Doctor que quase regenerou duas vezes no meio da operação, mas tudo ocorreu bem no final.
No epílogo é mostrado o J. M. Barrie em um banco em Kensington Gardens vendo a luta do Doctor contra os Piratas de Almas. Por ser um escritor, ele anota tudo o que está vendo, sem saber se aquilo é verdade ou não, dando a entender que este causo foi a inspiração para ele escrever Peter Pan.
Opinião
O que falar de um conto onde a história começa com o Doctor com uma mão provisória de dois dedos indo procurar uma outra mão? Totalmente sem noção. E também temos um Doctor super ágil, sendo que o 1º Doctor fazia sim suas acrobacias, mas nada de exagerado; temos Susan chamando o Doctor de avô no começo e no final de cada frase, exagerando no uso das palavras e ficando irritante; ou o fato da mãe do Doctor chamar ele de “Doctor” quando era criança, sendo que o “nome” dele antes de roubar a TARDIS e começar a viajar pelo universo era Theta Sigma, como o chamavam na era da Academia.
O 1º Doctor está menos ranzinza neste conto, que na verdade deveria ser o contrário já que se passa antes das história com Ian e Barbara, ele ainda não se importava muito com as pessoas, só com a Susan. Eoin Colfer descaracteriza muito o Doctor do Hartnell, ele faz uso de referências pop do “futuro” como a minissérie Blake’s 7 e a saga Harry Potter. Temos outra descaracterização quando o Doctor diz que viu suas encarnações futuras e que queria ser ágil e magro igual “o cara alto que usa gravata borboleta”, remetendo ao 11º.
Ele sempre foi um Doctor que pensa antes de agir, a parte de ação mais pesada era com o Ian ou seus outros companheiros. Mesmo falando que queria ser ágil, o Doctor luta e quebra portas, nunca que ele foi assim nesta primeira encarnação. Certamente o Eoin Colfer não pesquisou direito para a caracterização dos personagens no conto, ele mesmo diz que assistiu só 25 episódios pra escrever, e isso não dá a primeira temporada da era do Hartnell na série clássica.
Apesar dos pesares, o livro também tem partes boas, como o enredo dos Piratas de Almas, algo bem sombrio e medonho pra colocar como vilão, “piratas” que raptam crianças e usam os membros do corpo para transplante. Outra parte interessante foi quando Aldridge fala que saiu de Gallifrey porque achava o pessoal muito pomposo, chamando-os de Time Lords e que eles não eram nada agradáveis, fazendo ligação à época que o Doctor fugiu de seu planeta natal porque não concordava com a “lei de não interferência”.
Curiosidades: Eoin Colfer insinua que J. M. Barrie se inspirou assistindo à briga do Doctor contra os Piratas de Almas.
Referências incluem: o lema dos piratas “We Never Land” (que traduzido na forma correta seria “Nós Nunca Pousamos”, mas foi criado pra ficar ambíguo com Neverland ou Terra do Nunca), crianças voando em uma luz brilhante, um pirata usando espada e outra pessoa usando um “gancho” no lugar da mão e a famosa frase que serve para encontrar a Terra do Nunca, “segunda estrela à direita”. Kensington Gardens (onde a nave estava na história) é também o local da segunda aparição de Peter Pan em 1904, seguida de uma aparição em 1902, dois anos após o encontro do Doctor e da Susan com os Piratas de Almas. Outra curiosidade é o Doctor gritando “D’Arvit!”, uma referência à saga Artemis Fowl, criada pelo mesmo autor do conto, Eoin Colfer.
Olá, me chamo Felipe e conheci a série lá em meados de 2012, desde então não consegui ficar longe. Já passei pela série clássica, áudios, livros e a lista só vai aumentando cada vez mais. Formado em Ciência da Computação e viciado em qualquer coisa que envolva ficção científica e teorias da conspiração.