Por Time Lady
Atendendo ao pedido de nossa querida Jéssica Laíse, venho com a resenha de The Doctor’s Daughter.
Acredito que o episódio só não é o queridinho da 4ª temporada devido à Silence in the Library e Forrest of the Dead que, além de excelentes, trouxeram o maior e mais comentado enígma da série atual que foi River Song.
*** Contém Spoilers ***
Em The Doctor’s Daughter vemos o Doctor mais uma vez tentando impedir uma guerra e há, novamente, o surgimento de um personagem criado por meios “não tradicionais”, através do código genético de nosso personagem principal.
A reação do Doctor ao se deparar com uma realidade de guerra é bastante compreensível, visto que ele vem da horrível Guerra do Tempo, que dizimou quase todos os Time Lords, ele está farto de armas e conflitos, perdeu seus semelhantes, sua família, seus filhos, temos a sensação de que ele estará sempre solitário, mesmo em meio a várias pessoas ou com qualquer companion que seja, ele carrega o peso da morte de milhões de semelhantes nas costas e definitivamente não está disposto a ver algo parecido acontecer novamente.
Vejo o décimo como um Doctor eternamente solitário e triste, tentando esconder suas emoções a qualquer custo, arrumando coisas para fazer, como mostrar para uma companion algo inusitado e dar longas explanações de coisas e acontecimentos que nada tem a ver com sua própria vida ou com o que ele está sentindo.
Gosto da rapidez como a Donna percebe essas sutilezas e o critica, o tira de sua zona de conforto, faz com que ele se abra.
Neste episódio ela diz que ele fala muito o tempo todo e não diz nada, faz com que ele veja a Jenny com outros olhos, depois que ela mesma satisfaz sua curiosidade sobre a natureza da garota.
Donna Noble é, sem dúvidas, minha companion favorita, inteligente, destemida e sem papas na língua.
Na cena em que é constatado que Jenny tem dois corações comecei a imaginar se a série poderia tomar um rumo diferente, talvez a volta de Gallifrey, de alguma forma.
Quando assisti ao epísódio, como todo Whovian que se preze, várias teorias surgiram na minha cabeça, a volta do Master, o surgimento de uma possível Time Lady, mesmo que a personagem tenha se regenerado de uma forma diferente, no mesmo corpo, eram várias referências, porque não poderiam surgir mais Time Lords?
Gosto do desenrolar da estória entre Jenny e o Doctor, ela passa de uma G.I. Jane que só entende guerra e sangue a uma pessoa que vê inúmeras possibilidades na paz, como seu “pai”.
O próprio Doctor evolui nesta interação, ele vê esperança nessa relação pai-filha e não posso deixar de comentar sobre o modo como David Tennant demonstra as emoções, a cena em que ele ouve os dois corações de Jenny é de forte apelo, o espectador cria um elo automático com a garota, nesse ponto eu comecei a torcer por ela.
Neste episódio vemos a evolução de Martha Jones também, que eu gosto muito.
Sei que muitos vêem Martha como a companion menos amada, mas o personagem evoluiu muito, provou que é independente e que o fato de ter decidido seguir por outros caminhos só acrescentou em sua história de vida.
Ela se tornou dona de seu próprio destino, resolveu sair sozinha pelo planeta ainda com a superfície inabitada.
Martha Jones é a mulher que salvou o mundo, não mais aquela estudante de medicina apaixonada pelo Doctor.
Ela se tormou sua “própria Doutora”, por assim dizer.
A relação dela com o Hath também dá um tom de “humanidade” à estória, não há vilões nem mocinhos alí, apenas duas espécies querendo um mundo para si.
Haths e humanos não entendem que estão em busca do mesmo objetivo e que, por isto, deveriam se unir.
O desfecho do episódio também foi ótimo, com Donna decifrando o significado dos números nos túneis.
Fiz uma analogia desse tempo de 7 dias com a própria estória da Bíblia sobre a criação do mundo.
Ela diz que o mundo foi criado por Deus em 7 dias e no episódio, estava acontecendo exatamente o oposto, estavam destruindo um mundo no mesmo espaço de tempo.
Apesar disto, a cidade não estava em ruínas, como vemos tradicionalmente nas estórias de guerra.
Ela estava sendo construída.
Os humanos não conseguiam ver a realidade devido a velocidade em que se criavam e se destruíam novas gerações.
A realidade desapareceu na lenda que se criou nesses dias de guerra e entre tantas gerações dizimadas em questões de horas.
E por fim, os dois exércitos descobrem que estavam lutando por algo que traria vida ao planeta onde planejavam viver.
Esperava ver mais de Jenny e fiquei triste ao ver nosso Doctor se sentindo solitário e impotente quando ela morre.
Por um momento até imaginei que ele mataria o General Cobb, mas ele jamais poderia fazer algo assim.
Ótimo episódio, adoro quando as coisas não são óbvias e vão se desenrolando ao longo da estória.
Quando Jenny finalmente regenera, a TARDIS já está longe e o final dá a impressão de que ainda veremos mais sobre a filha do Doctor.
Sinceramente, ainda gosto de pensar que isto pode acontecer.
Publicações feitas por colaboradores que em algum momento fizeram parte da história deste site desde 2009, mas que não mais fazem parte do projeto.