REVIEW CLÁSSICA: Arco 020 – The Myth Makers

 

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Numa época em que super-heróis e outros personagens aparecem de vez em quando nas histórias uns dos outros, é muito comum imaginar crossovers de Doctor Who com várias outras histórias – de Cinderela a Harry Potter. Mas você já pensou em colocar nosso Time Lord num meio de um poema grego? É mais ou menos isso que acontece em The Myth Makers. Na verdade, o arco conta a história da Guerra de Tróia, que ficou conhecida através do poema Ilíada, escrito por Homero por volta do século VIII a.C.

O arco tem quatro episódios, que foram exibidos entre 16 de outubro e seis de novembro de 1965, e foi escrito por Donald Cotton. O que existem desses episódios hoje são reconstruções, e infelizmente, temos poucos vídeos. Quase tudo foi feito usando apenas imagens estáticas para ilustrar o som original, o que prejudica um pouco o acompanhamento do história. Ainda assim, vale a pena assistir. Não só porque é a versão da série de uma história muito conhecida, mas também por causa de acontecimentos cruciais para o destino de alguns personagens.

E aqui COMEÇAM OS SPOILERS.

As primeiras cenas mostram uma luta entre o herói  grego Aquiles (aquele  mesmo do calcanhar) e o príncipe troiano Heitor, filho do rei Príamo e irmão dos príncipes Páris e Tróilo e da profetiza Cassandra. O Doctor, Steven e Vicki assistem a tudo de dentro da TARDIS, até que o Senhor do Tempo resolve intervir. Sua saída da nave acaba distraindo Heitor, do que Aquiles se aproveita para matá-lo. Além disso, a forma como o Doctor aparece faz com que Aquiles acredite que ele é o próprio Zeus  e o guerreiro insiste em levá-lo para que ele ajude os gregos a vencer a guerra. Dessa forma, ele é levado para os comandantes gregos, que não ficam tão convencidos dessa história de divindade.

Ao procrar pelo Doctor, Steven é confundido com um espião troiano e também é preso. Depois de se recusar a matar o suposto espião com um raio, o Time Lord é desmascarado. Os gregos então dão aos dois uma chance de escapar da morte: eles precisam pensar num bom plano para derrotar os troianos – em apenas dois dias. Enquanto tudo isso acontece, Vicki enfrenta problemas com o outro exército. Tudo porque Páris encontrou a TARDIS e resolveu levá-la para Tróia como espólio de guerra. A garota foi forçada a sair da nave quando Cassandra, desconfiada do objeto trazido pelo irmão, tenta queimar a nave.

Vicki não tenta mentir para os troianos e conta que veio do futuro, mas também enfrenta desconfianças, apesar de despertar simpatia em Páris e no rei Príamo, que dá a ela o nome de Créssida. Cassandra acusa Vicki de ser uma feiticeira, e Príamo quer que, seja como feiticeira, seja como viajante do tempo, a jovem ajude Troia a ganhar a guerra. A situação da garota se complica quando Steven, disfarçado de um soldado grego de nome Diomedes, se deixa capturar para tentar resgatá-la. O fato de os dois se reconhecerem faz com que ela seja acusada de espiã e eles acabam presos. Apesar disso, Vicki se aproxima cada vez mais do príncipe Tróilo, deixando evidente que acontecerá alguma história entre eles. É então que se explica a troca de nomes dela e do Steven. A história de Créssida e Tróilo foi inventada na idade média e incorporada às ficções criadas com base na guerra de Troia. Uma das versões mais conhecidas é a peça de Shakespeare que leva o nome do casal. Na história, Diomedes aparece como um rival do príncipe pelo amor da mulher. Assim, quando Tróilo percebe que Vicki e Steven são amigos, ele também demostra ciúmes.

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Com os gregos, o Doctor tenta pensar em um plano diferente daquele que já conhecemos, com o famoso cavalo de madeira entregue como um presente, mas cheio de solados para invadir a cidade inimiga. Depois de algumas ideias inúteis, ele acaba sugerindo o plano clássico, mesmo acreditando que é só uma lenda e que não funcionaria. Os gregos adotam a ideia e, conforme a história de Homero, conquistam a vitória. Prevendo que isso aconteceria, Vicki manda Tróilo a uma missão fora da cidade antes do ataque, salvando a vida do príncipe.

No meio da destruição de Troia, o Doctor prepara a partida com a TARDIS e é então que acontece o momento mais emocionante do arco. Vicki entra na nave para falar com ele e depois sai com cara de tristeza, dá um abraço na TARDIS e vai embora para viver seu amor com Tróilo. A despedida da companion lembra a de sua antecessora Suzan, que também ficou na Terra com um amor recém-conhecido. Para nós, que estamos acostumados a personagens que ficam presas em universos paralelos, ou no passado, ou mesmo ganham sua própria TARDIS e saem para explorar o tempo e o espaço enquanto a última batida do seu coração está “congelada” [#saudadesClara], esse pode ser um final muito simplório, mas ele reflete a casualidade com a qual atores eram substituídos na série naquele período.

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Por falar em substituição, a volta de Steven para a nave traz também uma das companions mais fugazes da série. Quando o rapaz se fere no meio da confusão, Vicki pede que uma das servas de Cassandra, Katarina, leve-o até o Doctor. A moça, interpretada pela atriz Adrienne Hill, atende o pedido e acaba sendo levada com eles, acreditando que está morta e que o Doctor é Zeus. Já o senhor do tempo lamenta a partida de Vicki e diz que precisa encontrar os remédios certos para curar Steven. Essa busca irá levá-los ao próximo arco, The Daleks’ Master Plan, assunto para a review do Vinícius na próxima semana.

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O arco The Myth Makers está disponível através deste link.

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