Review – The Girl Who Died

[Shh, spoilers]

The Girl Who Died, 5º episódio da 9ª temporada de Doctor Who, traz uma carga igualmente eficaz de drama e comédia. O roteiro co-escrito por Jamie Mathieson (autor dos excelentes Mummy on the Orient Express e Flatline) e Steven Moffat subverte uma situação comum na série ao colocar o mirabolante plano alienígena em segundo plano e priorizar a simples sobrevivência de uma pequena vila viking.Após serem capturados por vikings, o Doctor e Clara se veem no meio de uma invasão extraterrestre, na qual os homens mais fortes da vila são capturados e transformados em Gatorade para nutrir uma espécie guerreira conhecida como Mire. Quando a jovem Ashildr (interpretada pela sempre brilhante Maisie Williams) declara guerra aos aliens, o Doctor se vê mais uma vez em uma posição semelhante a de um general, responsável por transformar fazendeiros em guerreiros. A relutância inicial do protagonista em exercer o papel é facilmente compreensível quando levamos em conta não só a Time War mas os 1000 anos da batalha de Trenzalore. Mais do que nunca, o 12º Doctor está cansado de guerra. Com um incentivo de sua companion e de um bebê que diz as coisas mais bonitas do mundo em seu choro, ele acaba aceitando o desafio de proteger estas pessoas de uma quase certa morte.

No início do episódio, o Doctor tenta se passar por Odin para conseguir escapar das garras dos vikings, apenas para ser surpreendido pela aparição de uma cabeça gigante no céu fazendo a mesma declaração de uma forma bem mais convincente. Este momento lembra muito o humor do grupo inglês Monty Python, principalmente no filme Monty Python – Em Busca do Cálice Sagrado, de 1975, onde Deus se manifesta de maneira parecida para os cavaleiros da Távola Redonda (se você ainda não viu esse filme, faça isso nesse próximo fim de semana e me agradeça depois). A sequência do treinamento que resulta em um incêndio também traz um timing cômico impecável.

O fato do perigo não ser uma invasão ao planeta ou ao Reino Unido como um todo, mas apenas a uma vila, faz com que o perigo pareça mais real e o prospecto de morte mais assustador. Mortes são corriqueiras em Doctor Who, e neste episódio mesmo uma dezena de guerreiros é pulverizada nos primeiros 15 minutos, mas no restante da história o pior que pode acontecer é uma filha perder um pai, ou vice-versa, e o final feliz não parece tão certo.

Após uma batalha ganha por uma solução extremamente engenhosa, Ashildr sucumbe ao esforço e morre. Em luto, o Doctor acaba tendo uma epifania e percebe por que escolheu seu atual rosto, em uma montagem com cenas de The Fires of Pompeii e Deep Breath que explica de maneira eficaz a aparição anterior de Peter Capaldi na série (apesar que ainda falta explicar a participação dele em Torchwood, algo que estava nos planos de Russell T Davies). No fim das contas, tudo que o Doctor faz em seus 2000 anos de vida é salvar pessoas, assim como salvou Caecilius do vulcão de Pompeia por pura bondade. Utilizando a tecnologia Mire, ele ressuscita Ashildr e a torna imortal, um híbrido de humano e alien, dando a ela também a possibilidade de fazer o mesmo com alguém para acompanhá-la pelo resto de sua vida eterna. Neste ponto, se torna claro para o Doctor que ele irá encontrá-la de novo em algum ponto de sua linha temporal, pois ele “lembrou ao contrário” no começo do episódio ao avistar a garota pela primeira vez. Após uma conclusão enigmática que indica que Ashildr talvez não tenha continuado muito virtuosa em sua moral, ficamos no aguardo do próximo episódio para presenciarmos o reencontro de criador e criatura.

Observações:

– A cena de abertura, com o Doctor  e Clara no meio de uma outra aventura, mostra bem como Clara está cada vez mais curtindo o perigo de viajar na TARDIS, até um ponto que causa preocupação no Senhor do Tempo. Talvez esta nova dinâmica seja importante para justificar a saída de Clara no fim desta temporada.

– Tomara o Doctor encare a destruição dos óculos sônicos por um guerreiro viking como um sinal para aposentá-los. Se bem que eles ainda funcionam, né? Droga.

– Sério, que bebê poeta maravilhoso.

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