Review – The Power of the Doctor

Quando um trem espacial é atacado pelos CyberMestres (sim, aqueles mesmos do final da décima segunda temporada que escaparam de Gallifrey com o Mestre), a Doutora e seus companions acabam entrando em uma jornada que leva ao fim dessa era.

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The Power of The Doctor’ foi escrito por Chris Chibnall e dirigido por Jamie Magnus Stone, responsável por outros episódios das últimas temporadas como Spyfall Parte Um (12×01), The Halloween Apocalypse (13×01) e Village of the Angels (13×04).

As despedidas começam logo nos primeiros minutos do episódio, com Dan Lewis escolhendo deixar de viajar na TARDIS enquanto ainda há tempo, depois de quase morrer vezes demais. Sem poder processar direito, a Doutora recebe duas mensagens urgentes. A primeira de um Dalek, que gostaria de exterminar a própria espécie e oferece informações sobre uma trama para destruir a humanidade e promete um encontro para entregar como parar isso. A segunda mensagem vem de Kate Stewart. A diretora da UNIT quer ajuda para investigar os motivos pelos quais diversas pinturas famosas agora possuem a face do Mestre (Sacha Dhawan) e o desaparecimento dos principais sismólogos do mundo.

Depois de uma breve reunião com as companions Tegan e Ace, a Doutora confronta o Mestre e descobre que na verdade as três ameaças são apenas uma. Seu maior inimigo, junto dos CyberMestres, juntou-se aos Daleks para escravizar um ser de energia chamado Qurunx para destruir a humanidade através da erupção simultânea de todos os vulcões do planeta. O encontro com o Dalek acaba sendo uma armação, pois ele só pôde fazer contato com para que a Senhora do Tempo fosse atraída e capturada, sendo ele exterminado pelos outros Daleks.

O Mestre escapa de sua prisão na UNIT com a ajuda de uma versão miniaturizada de Ashad (o cybermen solitário), enviada para Teagan sob o nome da Doutora. A miniatura então volta ao tamanho correto, servindo como um portal para uma tropa de cybermen invadir o prédio. Os Daleks levam a Doutora para 1916, onde o Mestre usa tecnologia gallifreyana e o Qurunx para forçar ela a regenerar em uma versão dele mesmo. Uma inteligência artificial criada pela Doutora (tomando as imagens do Quinto, Sétimo, da Fugitiva e Décima Terceira) levam Ace a encontrar Graham e destruir a máquina Dalek no vulcão, Tegan a destruir o maquinário de conversão Cybermen no QG da UNIT antes de converter Kate e Yaz unida a Vinder a captura do Mestre, forçando-o a reverter o processo e trazer a Doutora de volta. Derrotado, o Mestre usa o Qurunx para ferir mortalmente a Doutora e começar o processo de regeneração.

A Doutora leva Yaz para casa, onde a jovem encontra com um grupo de pessoas composto por ex companions incluindo Graham, Dan, Ace, Tegan, Ian Chesterton, Jo Jones e Melanie Bush. A Doutora então encontra um lindo nascer do sol para assistir e se regenerar em sua próxima versão. Conforme examina a si mesmo, o novo Doutor descobre para seu choque que tem novamente a forma de sua décima encarnação.

Comparado aos episódios mais recentes, somando a isso o fato deste também ser um especial para o centenário da emissora, ‘The Power Of The Doctor’ brilha como uma das maiores cartas de amor para a série. Uma das coisas mais lindas de Doctor Who para mim sempre foi o quanto a equipe ama trabalhar nela, quantas pessoas crescem amando essa novinha azul e transformam esse amor em uma profissão e, de vez em quando, nos entregam minutos tão bons quanto esses oitenta e sete.

É impossível falar desse episódio sem pensar nas últimas temporadas da série e em Chris Chibnall como showrunner. Em temporadas marcadas por certa inconsistência na qualidade, o homem precisou lidar com uma emissora que fez tudo para sabotar a série, incluindo deixar a mesma por anos sem um departamento de marketing e forçar a produção durante o momento menos que ideal da pandemia. A escritora precisa aqui fazer uma pausa confessional: eu não esperava nada desse episódio e talvez por isso tenha gostado tanto, e chorado um pouco mais pensando no que poderia ter sido a era com esse nível o tempo todo. Enfim, voltando ao assunto.

Quando perguntaram quem gostaria de escrever a review para o site, ou poderia já que tempo livre não é algo muito comum, meu coração disse sim pela boca sem pensar. Eu nunca tinha escrito uma review e meu maior medo era não conseguir expressar tudo que a era Chibnall, e por consequência a Décima Terceira Doutora significam para mim. Foram duas semanas pensando no que dizer.

Aí lembrei do especial de ano novo ‘Revolution Of The Daleks’, quando a Doutora se despede dos companions com a frase ‘dois corações, um feliz e um triste’. Eu tentei de verdade encontrar algo fora desse clichê para expressar meus sentimentos em relação ao especial de centenário/regeneração, mas não teve jeito.

Um feliz (apesar dos pesares).

Doctor Who faz parte da minha vida há exatamente uma década e, tirando o Décimo, sempre fui de ficar viúva de Doutor. Chorei meses a saída do Eccleston antes de conseguir seguir em frente, foram dois anos até ser capaz de dar uma chance para Peter Capaldi tamanho era meu apego ao Matt Smith. Não vou nem tocar nos quase três anos passados entre o Décimo Segundo Doutor e a hora que a Luisa tomou vergonha na cara para assistir a era Jodie Whittaker. E poder finalizar ela com um episódio produzido com tanto amor quanto eu sinto vai me deixar feliz por muitos dias ainda.

E dizer que o outro está triste seria o maior dos eufemismos.

Assim que o episódio acabou, abracei o casaco do meu cosplay de Décima Terceira e chorei. Porque ao me despedir da atriz e dessa versão da personagem que significam tanto para mim, também me despeço de uma versão de mim. Me despeço da Luisa de abril de 2020 que agarrou em Doctor Who como se fosse um bote salva vidas no início da pandemia. Me despeço da Luisa com os olhos brilhando com a inocência de alguém recém entrado no caos que é o mundinho whovian no twitter. Me despeço de versões de mim e de pessoas que não voltam mais.

‘Doutor-Quem-Quer-Que-Vou-Ser, agora é você’ a Décima Terceira disse antes de regenerar. Isso vale para David Tennant, Ncuti Gatwa e para o whovian também. Mesmo que os últimos quatro anos não tenham mais volta, em breve chega a hora decidir que tipo de futuro queremos ter.

Agora é você.

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