[ Essa Review Contém Spoilers ]
‘Knock Knock’ é um dos clássicos episódios de Doctor Who que tenta flertar com o supense e terror, mas será que ele teve êxito dessa vez? O episódio do último sábado veio após uma sequência de três bons episódios que mostravam o crescimento da relação de Bill e do Doutor aliados a histórias interessantes, entretanto ‘Knock Knock’ chegou prometando muito e entregando muito pouco. O problema não chega a ser sua história clichê, uma casa mal assombrada ocupada por 6 jovens, mas todo o seu desenrolar que não funciona de uma forma satisfatória.
Toda a história gira em torno de uma antiga casa que Bill e 5 amigos resolvem alugar para morar. A casa agrada aos jovens justamente por ser grande o suficiente para todos, mesmo sendo antiga, sem sinal de wi-fi e celular – que já deveria ter assustado qualquer jovem de 20 e poucos anos em 2017. Bill, que não é boba nem nada, pede ajuda ao Doutor para carregar sua singela mudança e ao chegar na casa ele logo desconfia que algo não está certo, despertando assim sua curiosidade. Em mais uma referência a série clássica, como assim gostamos de acreditar, Bill apresenta o Doutor aos seus amigos como seu avô. Juntando isso com as fotos de Susan na mesa do Doutor em ‘The Pilot’, a presença mesmo que oculta de Susan se faz cada vez mais forte e o desejo pelo retorno dela, que não aprece na série desde “The Five Doctors’, é cada vez maior, porém sabemos como o Maffat é ruim conosco, então é sempre bom ter um pé atrás.
Logo de cara, um dos rapazes que mora na casa é atacado por algo desconhecido, o que deveria intrigar o espectador. Para audiências mais jovens talvez tenha até um bom efeito, porém é claro o esforço em se criar uma atmosfera assustadora com uma ameaça até então invisível. Não que eu esteja exigindo um episódio recheado de gore e slash, mas já tivemos inúmeros episódios que realmente causam tensão na série, mas essa conexão não rolou com ele. O episódio se segue com mais desaparecimentos, todos poucos marcantes, até descobrirmos que na verdade a casa era que estava “devorando” as pessoas. Os companheiros de Bill são personagens tão dispensáveis que não faz com que haja uma conexão com eles de forma que a gente se importe com a sua morte, nem que haja uma felicidade em seu retorno após o fim do episódio.
David Suchet, que interpreta o Senhorio (The Landlord), consegue até entregar um bom ar de mistério ao seu personagem com suas súbitas aparições e um tom esquisito ao personagem, mas isso não é o suficiente para salvar o episódio de ser mediano. É dado ao personagem uma motivação para levar os jovens a casa e consequentemente estimular os “piolhos alienígenas” a incorporá-los na madeira da casa, o amor de um filho que deseja manter sua mãe viva. Um filho que desde que pequeno é obrigado a alimentar esse piolho com pessoas para que eles continuem mantendo sua mãe viva, mesmo que seja na forma de madeira. No fim, o episódio tinha os elementos certos para criar uma boa história de suspensa, mas preferiu entregar algo mediano com uma resolução à altura, nada além disso, que nos faz pensar: ‘Então foi só isso?’
A parte mais relevante do episódio são seus minutos finais, onde o Doutor retorna para a Universidade e encontra Nardole cuidando do cofre. Na cena descobrimos que o Doutor não está tentando abrir o cofre, mas sim mantendo algo em cativeiro, algo vivo, que toca piano e está bem interessado em uma história de uma casa mal assombrada que está devorando jovens. Eu espero que a versão do Doutor para essa história seja bem mais interessante do que o episódio passou pra gente, porque seja lá quem estiver nesse cofre – e o sexto sentido de todo mundo está apontando, ou melhor gritando, que é o Mestre/Missy – iria ficar complemente desapontado com a real história de ‘Knock Knock’.
Publicações feitas por colaboradores que em algum momento fizeram parte da história deste site desde 2009, mas que não mais fazem parte do projeto.